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Figura marcante da Proex, Aparecido Paulino reflete sobre carreira e aposentadoria

Durante mais de uma década, quem passou pela Pró-Reitoria de Extensão e Assuntos Culturais (Proex) da Universidade Estadual de Ponta Grossa (UEPG) ...

Redação
Por: Redação Fonte: UEPG
12/12/2025 às 16h27
Figura marcante da Proex, Aparecido Paulino reflete sobre carreira e aposentadoria
Foto: Reprodução/UEPG

Durante mais de uma década, quem passou pela Pró-Reitoria de Extensão e Assuntos Culturais (Proex) da Universidade Estadual de Ponta Grossa (UEPG) encontrou o servidor Aparecido Paulino logo na entrada do prédio ou sentado à mesa da portaria, atento às câmeras de vigilância. Ele sempre estava lá para receber os visitantes com um sorriso tranquilo, um “bom dia” acolhedor e o jeito simpático que marcou sua presença na UEPG. No dia 5 de dezembro, ao completar 75 anos, ele encerrou sua trajetória como agente de segurança interno da Universidade e iniciou uma nova etapa da vida: a aposentadoria.

Foto: Reprodução/UEPG
Foto: Reprodução/UEPG
A presença cotidiana marcou estudantes, servidores e o público externo que frequenta o lugar. O diretor de Assuntos Culturais da Proex, Nelson Silva Júnior, resume essa convivência: “O Aparecido recebia todo mundo com uma positividade muito grande, sempre prestativo e atendendo da melhor maneira possível, de uma educação, de uma gentileza”, afirma. Para Nelson, a aposentadoria é comemorada, mas deixa saudade: “Confesso que quando entro lá e olho para a portaria, sinto muita falta dele. Todos ficaram felizes porque ele está vencendo uma etapa da vida, o que é uma coisa muito boa, mas ao mesmo tempo vão sentir saudades daquela pessoa alegre, preparada para te orientar e ajudar naquilo que você precisasse”. Ele afirma que o servidor representava o espírito da Proex: “Ele tem uma energia como poucas pessoas e tem a capacidade de irradiar essa energia para quem está ao lado dele. Desejamos que seja muito feliz nesta nova etapa”.

Trajetória até a UEPG

Aparecido nasceu em 1950 em Carlópolis, município do norte do Paraná, e se mudou para Ponta Grossa aos sete anos, quando o irmão mais velho começou a servir no 13º Batalhão de Infantaria Blindado (BIB). “Então, fui tocando a minha vida aqui. Gosto da cidade, nunca pensei em sair daqui”, conta. Aos 18 anos, ele seguiu o caminho do irmão e ingressou no 13º BIB, onde chegou a cabo. Em 1972, entrou para a vida civil e começou a trabalhar em empresas privadas de Ponta Grossa. Passou por diversos lugares e há 28 anos se aposentou pela primeira vez, mas decidiu continuar trabalhando.

Entre 2006 e 2008, Aparecido atuou como servidor temporário da UEPG na Fazenda Escola Capão da Onça, onde conciliou o trabalho com o estudo para o concurso público da Universidade. Passou em terceiro lugar para agente de segurança interno e ingressou como servidor efetivo em agosto de 2011, aos 61 anos. “A Universidade é um local que eu gostei muito de trabalhar. Antes de vir para a Proex, eu trabalhei no Patronato, um órgão da UEPG que recebia egressos do sistema prisional para cumprimento de serviço comunitário. Fiquei três anos lá, também gostava muito”, recorda.

Foto: Reprodução/UEPG
Foto: Reprodução/UEPG
Em seguida, passou a trabalhar na Proex, onde destaca o acolhimento dos colegas. “Aqui eu considero que é a minha segunda casa. Me dou bem com todo o pessoal, são todas pessoas de boa índole, todas, 100%. Sempre me trataram com respeito. E eu também faço a minha parte”, afirma. Aparecido descreve a rotina de trabalho que levou durante anos: “Eu levanto às sete horas e chego aqui um pouco antes das oito. Todos que entram na Proex têm que passar por mim”, conta. “É um trabalho tranquilo, não tem grandes confusões, eu sempre consegui controlar a situação. Nunca tive atrito com ninguém que vem de fora. Às vezes entra alguém bêbado, mas eu converso com jeitinho e já resolvo.”

Ao se despedir da Universidade, em entrevista concedida na véspera de completar 75 anos, Aparecido resume o sentimento que leva consigo: “Agora eu cumpri essa etapa e tô indo embora a partir de hoje. Foram muitos anos trabalhando na Proex, vou ficar com saudades e vou deixar grandes amigos aqui. Busquei tratar todos com carinho e educação. E eu também sou querido por eles, então vou sentir falta dessa relação”, declara.

Uma amizade de mais de 60 anos

Foto: Reprodução/UEPG
Foto: Reprodução/UEPG
Entre os amigos que Aparecido mantém na Proex está o professor de violão Gilmar Martins, uma relação que começou muito antes de trabalharem na UEPG, quando ainda estavam na escola. Eles não estudavam na mesma turma porque Aparecido era mais velho, mas conviviam diariamente. A gente se conheceu em 1963, quando estudávamos na Escola Frigorífico Wilson. Era uma casa de madeira com duas salas. Tinha uma área onde os alunos se reuniam para ficar conversando na hora do recreio. E foi ali que eu e o Aparecido nos conhecemos”, lembra Gilmar. “Nós morávamos perto, então ele passava na minha casa todo dia à noite. O pai dele frequentava a minha casa também, conhecia toda a família dele”.

Com o tempo, os dois se distanciaram, até se reencontrarem novamente na UEPG. “A nossa amizade dura mais de 60 anos. Aqui na Proex continuou igual era antigamente, sempre brincando, contando piada e tomando um chazinho juntos. A nossa convivência é a melhor possível, eu considero ele um grande amigo meu, almoçamos juntos quase todos os dias”, conta Gilmar.

O encontro com as artes

Foto: Reprodução/UEPG
Foto: Reprodução/UEPG
Devido ao contato com artistas e com as ações culturais da Universidade, Aparecido começou a frequentar cursos oferecidos pela Proex e encontrou um novo interesse: o desenho e a pintura. “Acabei fazendo um curso com a professora Rossana, uma pessoa muito querida, e assim entrei no mundo das artes. Eu não tinha noção nenhuma, mas consegui me adaptar e fui bem. Gostei de aprender o que aprendi”, declara. Com a aposentadoria, ele pretende se aprofundar nas artes. “Minha intenção agora é fazer o curso de cerâmica aqui na Proex mesmo. Talvez fazer Yoga para ficar mais relaxado e conservar a juventude. Também penso em voltar para o curso de desenho e pintura para ficar mais hábil.”

A professora Rossana Stori recorda o início da vida artística do servidor. “Certa vez, num primeiro dia de aula de pintura, não foi minha surpresa em ver o Aparecido sentado, esperando para aprender a pintar. Com receio, humildade e delicadeza deu suas primeiras pinceladas que, com o tempo, evoluíram para pinceladas decididas e certeiras que revelaram um artista”, declara. A professora diz que espera vê-lo novamente nas aulas de desenho e pintura, e destaca as qualidades do amigo: “Aparecido é a gentileza em pessoa, sempre me encontra com um sorriso sereno que me traz paz.”

Planos para a aposentadoria

Embora se despedir da Proex e do convívio diário com os amigos não seja uma tarefa fácil, Aparecido diz que está animado com a aposentadoria e que, dessa vez, não pretende continuar trabalhando. “Se eu for fazer alguma coisa, vai ser por conta própria, quem sabe alguma atividade como voluntário para não ficar parado”, conta. Fora do trabalho, ele diz que vai fazer questão de se manter atualizado. “Quero continuar sempre a par das coisas que estão acontecendo. Antes eu não tinha muito tempo para assistir ao jornal, mas agora, com a aposentadoria, vou poder fazer isso”, afirma. No tempo livre, ele costuma ler livros, ver filmes e assistir conteúdos históricos. “Gosto de procurar novidades no YouTube, ver coisas diferentes, escutar histórias sobre o passado, fatos curiosos”, conta. Entre os livros que mais gostou de ler, ele cita “A Cabana” de William P. Young e “O Código Da Vinci” de Dan Brown.

Foto: Reprodução/UEPG
Foto: Reprodução/UEPG
Aparecido mantém o hábito de estudar por conta própria e busca sempre adquirir novos conhecimentos. Em tom bem-humorado, comenta: “Com essa idade que eu tenho, dou de 10 a 0 nessa piazada sobre conhecimentos gerais, sobre português. Estou sempre fazendo cálculos, procurando equações de primeiro e segundo grau para resolver. Então, a minha mente tá muito ativa, graças a Deus”, afirma. A ideia de “preservar a juventude” não se limita à cabeça. Aparecido causa espanto sempre que revela a sua idade. “Tenho 75 anos, mas todo mundo diz que não aparenta, sempre acham que eu tenho menos. Puxei a genética do meu pai, que viveu até os 97 anos. Se eu viver mais 20 anos, ainda vou perder pra ele por dois anos. Quero ganhar dele”, brinca.

A família também entra nos planos da aposentadoria. Ele quer aproveitar mais a esposa, a filha e os dois netos. “O mais novo está com 10 anos. A gente gosta de ir junto no shopping, sair comer alguma coisa, ir na lanchonete”, conta. Aparecido considera que completar 75 anos é motivo de alegria, e resume o modo como pretende encarar essa fase: “O negócio é se divertir, não se entregar e procurar ter um espírito elevado. E tocar a vida, continuar sempre a par das coisas que estão acontecendo, sempre lendo alguma coisa”.

Texto: João Pizani | Fotos: Erica Fernanda, João Pizani, Larissa Godoy e arquivo pessoal do entrevistado

Foto: Reprodução/UEPG
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Confira a íntegra da homenagem escrita pela professora Rossana Stori:

“Seu Aparecido, assim é como eu o chamo, no entanto eu deveria chamá-lo de “Meu Aparecido” pois ele é:

Meu amigo;

Meu aluno;

Meu protetor;

Meu anjo;

Meu artista;

Meu amor e muito mais.

O “Meu” Aparecido é a gentileza em pessoa, sempre me encontra com um sorriso sereno que me traz paz.

Certa vez, num primeiro dia de aula de pintura, qual não foi minha surpresa em ver o “Meu” Aparecido sentado esperando para aprender a pintar. Com receio, humildade e delicadeza deu suas primeiras pinceladas que, com o tempo, evoluíram para pinceladas decididas e certeiras que revelaram um artista.

“Meu” Aparecido, muito obrigada por tudo e espero vê-lo novamente pintando e de preferência aqui comigo.

Te amo muito meu grande amigo.”

Foto: Reprodução/UEPG
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