
Durante mais de uma década, quem passou pela Pró-Reitoria de Extensão e Assuntos Culturais (Proex) da Universidade Estadual de Ponta Grossa (UEPG) encontrou o servidor Aparecido Paulino logo na entrada do prédio ou sentado à mesa da portaria, atento às câmeras de vigilância. Ele sempre estava lá para receber os visitantes com um sorriso tranquilo, um “bom dia” acolhedor e o jeito simpático que marcou sua presença na UEPG. No dia 5 de dezembro, ao completar 75 anos, ele encerrou sua trajetória como agente de segurança interno da Universidade e iniciou uma nova etapa da vida: a aposentadoria.

Trajetória até a UEPG
Aparecido nasceu em 1950 em Carlópolis, município do norte do Paraná, e se mudou para Ponta Grossa aos sete anos, quando o irmão mais velho começou a servir no 13º Batalhão de Infantaria Blindado (BIB). “Então, fui tocando a minha vida aqui. Gosto da cidade, nunca pensei em sair daqui”, conta. Aos 18 anos, ele seguiu o caminho do irmão e ingressou no 13º BIB, onde chegou a cabo. Em 1972, entrou para a vida civil e começou a trabalhar em empresas privadas de Ponta Grossa. Passou por diversos lugares e há 28 anos se aposentou pela primeira vez, mas decidiu continuar trabalhando.
Entre 2006 e 2008, Aparecido atuou como servidor temporário da UEPG na Fazenda Escola Capão da Onça, onde conciliou o trabalho com o estudo para o concurso público da Universidade. Passou em terceiro lugar para agente de segurança interno e ingressou como servidor efetivo em agosto de 2011, aos 61 anos. “A Universidade é um local que eu gostei muito de trabalhar. Antes de vir para a Proex, eu trabalhei no Patronato, um órgão da UEPG que recebia egressos do sistema prisional para cumprimento de serviço comunitário. Fiquei três anos lá, também gostava muito”, recorda.

Ao se despedir da Universidade, em entrevista concedida na véspera de completar 75 anos, Aparecido resume o sentimento que leva consigo: “Agora eu cumpri essa etapa e tô indo embora a partir de hoje. Foram muitos anos trabalhando na Proex, vou ficar com saudades e vou deixar grandes amigos aqui. Busquei tratar todos com carinho e educação. E eu também sou querido por eles, então vou sentir falta dessa relação”, declara.
Uma amizade de mais de 60 anos

Com o tempo, os dois se distanciaram, até se reencontrarem novamente na UEPG. “A nossa amizade dura mais de 60 anos. Aqui na Proex continuou igual era antigamente, sempre brincando, contando piada e tomando um chazinho juntos. A nossa convivência é a melhor possível, eu considero ele um grande amigo meu, almoçamos juntos quase todos os dias”, conta Gilmar.
O encontro com as artes

A professora Rossana Stori recorda o início da vida artística do servidor. “Certa vez, num primeiro dia de aula de pintura, não foi minha surpresa em ver o Aparecido sentado, esperando para aprender a pintar. Com receio, humildade e delicadeza deu suas primeiras pinceladas que, com o tempo, evoluíram para pinceladas decididas e certeiras que revelaram um artista”, declara. A professora diz que espera vê-lo novamente nas aulas de desenho e pintura, e destaca as qualidades do amigo: “Aparecido é a gentileza em pessoa, sempre me encontra com um sorriso sereno que me traz paz.”
Planos para a aposentadoria
Embora se despedir da Proex e do convívio diário com os amigos não seja uma tarefa fácil, Aparecido diz que está animado com a aposentadoria e que, dessa vez, não pretende continuar trabalhando. “Se eu for fazer alguma coisa, vai ser por conta própria, quem sabe alguma atividade como voluntário para não ficar parado”, conta. Fora do trabalho, ele diz que vai fazer questão de se manter atualizado. “Quero continuar sempre a par das coisas que estão acontecendo. Antes eu não tinha muito tempo para assistir ao jornal, mas agora, com a aposentadoria, vou poder fazer isso”, afirma. No tempo livre, ele costuma ler livros, ver filmes e assistir conteúdos históricos. “Gosto de procurar novidades no YouTube, ver coisas diferentes, escutar histórias sobre o passado, fatos curiosos”, conta. Entre os livros que mais gostou de ler, ele cita “A Cabana” de William P. Young e “O Código Da Vinci” de Dan Brown.

A família também entra nos planos da aposentadoria. Ele quer aproveitar mais a esposa, a filha e os dois netos. “O mais novo está com 10 anos. A gente gosta de ir junto no shopping, sair comer alguma coisa, ir na lanchonete”, conta. Aparecido considera que completar 75 anos é motivo de alegria, e resume o modo como pretende encarar essa fase: “O negócio é se divertir, não se entregar e procurar ter um espírito elevado. E tocar a vida, continuar sempre a par das coisas que estão acontecendo, sempre lendo alguma coisa”.
Texto: João Pizani | Fotos: Erica Fernanda, João Pizani, Larissa Godoy e arquivo pessoal do entrevistado






Confira a íntegra da homenagem escrita pela professora Rossana Stori:
“Seu Aparecido, assim é como eu o chamo, no entanto eu deveria chamá-lo de “Meu Aparecido” pois ele é:
Meu amigo;
Meu aluno;
Meu protetor;
Meu anjo;
Meu artista;
Meu amor e muito mais.
O “Meu” Aparecido é a gentileza em pessoa, sempre me encontra com um sorriso sereno que me traz paz.
Certa vez, num primeiro dia de aula de pintura, qual não foi minha surpresa em ver o “Meu” Aparecido sentado esperando para aprender a pintar. Com receio, humildade e delicadeza deu suas primeiras pinceladas que, com o tempo, evoluíram para pinceladas decididas e certeiras que revelaram um artista.
“Meu” Aparecido, muito obrigada por tudo e espero vê-lo novamente pintando e de preferência aqui comigo.
Te amo muito meu grande amigo.”








