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Clubes de ciências transformam a realidade de alunos da rede estadual
Eles foram implantados a partir de 2024 e se expandiram. Em 2025, alcançaram 5 mil alunos de 200 escolas da rede estadual, rendendo aos estudantes...
19/12/2025 12h15
Por: Redação Fonte: Secom Paraná

Eles exploraram, experimentaram, criaram. Foi um 2025 recheado de descobertas para os quase 5 mil alunos de 200 escolas da rede estadual que participam dos clubes de ciências. Implantados a partir de 2024, os clubes expandiram em 2025, rendendo aos estudantes conquistas importantes, como presença em feiras e eventos, viagens e premiações. Uma equipe participou da COP30. E já tem clube de ciência formado exclusivamente por meninas.

A expectativa da Secretaria da Educação do Paraná (Seed -PR) é de que em 2026, no segundo semestre, sejam criados de 30 a 50 novos clubes, graças, justamente, ao estímulo vindo destes reconhecimentos e premiações, além do entusiasmo demonstrado por alunos que já participam dessa experiência.

Os clubes de ciência são fruto de parceria entre a Seed-PR, a Secretaria Estadual da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior e a Fundação Araucária. Por essa parceria, os alunos são incentivados a participarem e recebem orientações e apoio financeiro para viagens vinculadas à iniciativa.

"É uma oportunidade singular de aproximar os estudantes da rede pública de ensino das universidades e, especialmente, da iniciação científica. Experiências como a Rede de Clubes de Ciências têm um impacto significativo na vida dos estudantes, tanto no presente quanto no futuro, ampliando seu repertório e suas perspectivas”, destaca o secretário estadual da Educação, Roni Miranda.

Um dos exemplos mais recentes das conquistas de 2025 vem do Colégio Estadual Herbert de Souza, de São José dos Pinhais, na Região Metropolitana de Curitiba, e aconteceu no mês de agosto com a vaga entre os 20 semifinalistas da 12ª edição do Solve for Tomorrow Brasil, competição da empresa de tecnologia Samsung. A iniciativa reconhece projetos científicos inovadores desenvolvidos por jovens de escolas públicas de todo o País.

Um grupo formado por cinco alunos da 1ª série do Ensino Médio e a professora de Química, Pauline Henrique Fernandes, criou um sabonete antipulgas sustentável. Eles usaram propriedades da Erva de Santa Maria para desenvolver um produto ecológico capaz de combater pulgas e carrapatos em animais domésticos. A solução, mais barata, também é segura, evitando intoxicações nos pets, especialmente gatos, além de reduzir os impactos ambientais causados por produtos químicos

“Trabalhar nesse projeto mostrou como a ciência pode resolver problemas reais. Foi transformador viver isso com meus colegas e professora”, afirma Thyfila Roberta Sampaio Bacelar, de 15 anos, que comemorou muito ao lado dos colegas e da docente a classificação na competição

Também em agosto, alunos de diversas regiões do Estado foram selecionados para uma viagem a Portugal para participarem do programa internacional Sustainable Living Innovators (SLI), Para viajar, os estudantes tiveram que responder a um rigoroso questionário sobre ciências.

COP30 Em novembro, mês da Conferência das Nações Unidas sobre as Mudanças Climáticas de 2025, a COP30, evento global que reuniu chefes de Estado e autoridades científicas do mundo todo, foi a vez de uma delegação com 15 integrantes, entre professores e estudantes da Educação Básica de Guarapuava, no Centro-Sul do Paraná, embarcar para Belém, no Pará.

O convite veio justamente pela atuação de destaque no programa internacional Pacto Global de Jovens pelo Clima, iniciativa para incentivar os jovens a compreenderem melhor o problema da emergência climática e como forma de estimulá-los ao enfrentamento. No Paraná, ele foi desenvolvido em parceria com a Universidade Estadual do Centro-Oeste (Unicentro) e a Fundação Araucária, dentro do programa dos clubes de ciências.

No Colégio Estadual Pedro Carli, de Guarapuava, por exemplo, as ações do GYCP foram desenvolvidas pelo Clube de Ciências Climatize-se, que reúne 27 alunos para a criação de projetos científicos e socioambientais.

Por lá, entre os principais projetos, estão a implantação de composteiras, minhocários e meliponário na escola, o estudo de plantas alimentícias não convencionais (Pancs) e o reaproveitamento de óleo de cozinha para produção de sabão ecológico. Os estudantes também desenvolvem pesquisas autorais e participam de feiras científicas com temas relacionados à emergência climática e à sustentabilidade.

SÓ PARA MENINAS – Elas querem ser oceanógrafas, engenharias, biólogas. Para atingir esse objetivo, alunas do Colégio Estadual Paulo Leminski, em Curitiba, deram o primeiro passo com a criação de um clube de Ciências formado por sete integrantes. Sete alunas, que compartilham experiências e curiosidades sobre a área científica. “Me sinto inspirada e transformada por fazer parte de um espaço onde mulheres são acolhidas e recebem apoio para entrar nessa área”, diz Victória Hellen Salviano dos Santos, de 16 anos, da 2ª série do Ensino Médio, membro do clube desde o mês de maio deste ano.

O clube, que conta ainda com as estudantes Milena Siemsen Formankuevisky; Ana Beatriz e Clarícia Alves de Araújo, Aisha Teles Dutra e Maria Cláudia Bicudo e Kauana Câmara de Lima da Silva, recebeu o nome de Sônia Guimarães, em homenagem à primeira mulher negra com o título de doutora em Física no Brasil. Foi também a primeira negra a integrar o corpo docente do Instituto Tecnológico de Aeronáutica (ITA), uma das mais importantes instituições de ensino superior pública da Força Aérea Brasileira, vinculada ao Departamento de Ciência e Tecnologia Aeroespacial (DCTA), do Comando da Aeronáutica.

“Ela é uma inspiração para nós, que somos ligadas às áreas da pesquisa e da tecnologia”, justifica Karin Schellmann, que coordena o grupo. Mestre em Geografia, ela tem uma trajetória de incursões com estudantes do colégio em feiras de ciências em anos anteriores, além de outros projetos dentro da instituição.

O clube de ciências do Colégio Estadual Paulo Leminski começou a ganhar corpo no início de 2025 com a presença em feiras e a criação de um blog, onde o grupo entrevista mulheres que se destacam na área científica. Porém, o trabalho vai além de valorizar a figura feminina nas áreas de pesquisa científica. Procura incentivar as descendentes de povos originários, de diferentes etnias africanas, Pessoas com Deficiência (PcDs) e aquelas em situação de vulnerabilidade social.

“O nosso clube procura abraçar todas que querem um diferencial na sua carreira, investindo no conhecimento e nas oportunidades que o conhecimento científico traz para a formação cidadã destas meninas”, diz Karin.

Ela acrescenta que, por isso, a figura da doutora Sônia Guimarães é tão simbólica neste movimento, afinal ela representa esse diferencial para as alunas. “Ela é muito ativa em seus ideais e valoriza cada passo que jovens cientistas mulheres conquistam, assim como ela”, indica.

Incentivo dado, objetivo alcançado. “A Marinha tem bastante relação com ciências como física, química, biologia, oceanografia e engenharia, já que lida com o mar, tecnologia, meio ambiente e navegação”, diz Victoria, que quer estudar Oceanografia. Milena, por exemplo, está inclinada para a área de mecânica. “O sistema solar foi algo que sempre me chamou a atenção e tudo que tinha sobre o tema, eu buscava saber. Queria ser astrônoma, mas depois de algumas visitas técnicas na UFPR, me interessei demais pela parte mecânica, então decidi que quero ser engenheira mecânica”.

O projeto ainda prevê que outros 40 clubes ainda sejam implementados exclusivamente com meninas, para incentivar o interesse das alunas da rede de educação básica pela ciência, com projetos específicos.